Caros alunos,
Segue a resolução da avaliação do Módulo 23.
Segue a resolução da avaliação do Módulo 23.
1. Leia os textos
abaixo:
Coube
ao Gen. Mourão Filho, Cmt. da 4ª Região Militar, essa histórica iniciativa, a
31 de março, nas altaneiras montanhas de Minas. E a Revolução, sem que tivesse
havido elaboradas articulações prévias entre os Chefes Militares
, – não teria
havido tempo para isto – empolga o Exército, a Marinha e a Aeronáutica, para
ter seu epílogo às 11h45min do dia 2 de abril, no Aeroporto Salgado Filho, em
Porto Alegre, com a partida do ex-Presidente João Goulart para o estrangeiro.
M.
P. Figueiredo. A Revolução de 1964. Um depoimento para a história pátria. Rio
de Janeiro: APEC, 1970, p. 11-12. Adaptado.
Lembro-me
bem do dia 31 de março de 1964. Era aluno do curso de Sociologia e Política da
Faculdade de Ciências Econômicas da antiga Universidade de Minas Gerais e
militava na Ação Popular, grupo de esquerda católica [...] No dia seguinte, 1º
de abril, já não havia dúvida sobre a vitória do golpe. Saí em companhia de
colegas a vagar pelas ruas de Belo Horizonte [...] Contemplávamos, perplexos, a
alegria dos que celebravam a vitória e assistíamos, assustados, ao início da
violência contra os derrotados.
J.
M. de Carvalho. Forças Armadas e Política no Brasil. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Editor, 2005, p. 118.
a)
Que denominação cada autor utilizou para se referir ao regime instaurado após
31 de março de 1964? A que se deve essa diferença de denominação?
b)
Tal diferença se relaciona com a criação da Comissão da Verdade em 2012?
Justifique.
Resposta:
a)
No texto 1 (M.P. Figueiredo), o autor utilizou a denominação “revolução” para o
regime instaurado após 31 de março de 1964, já o autor do texto 2 (J.M. de
Carvalho) utilizou a denominação “golpe”. Essa diferença de denominação está
relacionada com a forma como cada grupo envolvido no processo encarou o regime
instaurado. No primeiro caso, estão principalmente os segmentos ligados ao meio
militar e da burguesa patrocinadora do movimento. No segundo grupo, os
opositores ao regime, seus simpatizantes.
b) Sim. A
partir de 1970, com a “abertura política” e a divulgação cada vez maior de
informações obtidas através de documentos e testemunhos de personagens
envolvidos nos fatos ocorridos durante a vigência do regime instaurado após 31
de março de 1964, ficava cada vez mais difícil defender a ideia de “revolução”.
Mais recentemente, inspirado pelos acontecimentos nos países vizinhos,
instauraram-se as Comissões da Verdade, com o objetivo de investigar e apurar
os fatos envolvendo os desaparecidos políticos.
2. Analise o fragmento
a seguir.
Algumas
pessoas ficaram histéricas quando ouviram Alegria, Alegria com arranjos
de guitarras elétricas. A estes, tenho a declarar que adoro guitarras
elétricas. Outros insistem que devemos nos folclorizar. Nego-me a folclorizar
meu subdesenvolvimento para compensar as dificuldades técnicas. Ora, sou
baiano, mas a Bahia não é só folclore. E Salvador é uma cidade grande. Lá não
tem apenas acarajé, mas também lanchonetes e hotdogs, como em todas as
cidades grandes.
VELOSO,
Caetano. Apud COELHO, Cláudio. A Tropicália: cultura e política nos anos 60.
In: Tempo Social, v. 1 (2), 1989, p. 167.
O
Tropicalismo foi um movimento cultural brasileiro formado no final da década de
1960, sob o regime militar. A apresentação da canção “Alegria, alegria” no
festival de 1967 foi considerada um dos marcos fundadores desse movimento. Com
base no fragmento apresentado, explique
a)
uma característica do Tropicalismo;
b)
a reação do público à apresentação de “Alegria, alegria”.
Resposta:
a)
O tropicalismo foi caracterizado pela superação de diferentes dicotomias. Duas
características deste movimento aparecem no fragmento apresentado (o candidato
deve explicar apenas uma característica). São elas:
-
a superação da dicotomia nacional/estrangeiro: o tropicalismo expressou uma
retomada do manifesto antropofágico da década de 1920 ao propor a incorporação
e a deglutição das influências estrangeiras para a elaboração da cultura
nacional. Nesse sentido, o uso de guitarras elétricas e a afirmação da
existência de hotdogs na Bahia indicam a necessidade de apropriação do
estrangeiro pelo nacional;
-
a superação da dicotomia tradicional/moderno: a Tropicália expressou a simbiose
entre o moderno e o tradicional, produzindo uma arte metropolitana. No
fragmento apresentado, a guitarra elétrica, as lanchonetes e os hotdogs são
metáforas da cultura estrangeira e da ideia de moderno, ao passo que o folclore
e o acarajé são expressões do tradicional.
b)
A reação do público à apresentação de Alegria, Alegria foi de rejeição,
expressando uma concepção de cultura brasileira subserviente a uma identidade
nacional que se nutre apenas do que é endógeno. Quando Caetano menciona
“insistem que devemos nos folclorizar”, dirige a crítica a uma concepção de
cultura que, no período, valorizava o folclore e a tradição musical brasileira
(bossa nova, samba). Por isso, o uso de guitarras elétricas manifestava a
influência do imperialismo estadunidense, que, por ser exógeno à cultura
brasileira, devia ser rejeitado.
3.
A
charge representa João Goulart e Juscelino Kubitschek. A que episódio político
a imagem se refere? Qual é o contexto político interno em que tal episódio se
insere? Justifique sua resposta.
Resposta:
A
charge se refere ao plebiscito realizado em 1963, que acabou com a pequena
experiência parlamentarista e restaurou o presidencialismo no país. O
plebiscito ocorreu num contexto de crise do modelo populista, agravada pela
renúncia de Jânio Quadros em 1961, que abriu caminho para a chegada de Jango ao
poder, máximo representante do populismo e visto como esquerdista pelos grupos
mais conservadores que faziam oposição.
4. Na foto abaixo
reproduzida, o presidente Jânio Quadros condecora o líder da Revolução Cubana,
Ernesto Che Guevara.
a)
Como essa condecoração pode ser explicada no contexto das propostas do governo
Jânio Quadros para as relações externas do Brasil?
b)
Quais grupos, no Brasil, criticaram esse acontecimento?
Resposta:
a)
O governo Jânio Quadros adotava uma política externa independente, o que
significava não se alinhar e nem se submeter aos EUA, no contexto da Guerra
Fria e nem se submeter a URSS. Neste contexto, Che Guevara era membro do
governo socialista cubano após a Revolução Cubana.
b)
A UDN, militares, setores conservadores aliados aos EUA que temiam o perigo
comunista.
5. TEXTO
1
“[...]
Depois de decênios de domínio e espoliação, fiz-me chefe de uma revolução e
venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade
social. Tive que renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha
subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais
revoltados contra o regime de garantia do trabalho.
[...]
Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio.
Serenamente, dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para
entrar na história”.
(Carta-testamento
deixada por Getúlio Vargas, em 24 de agosto de 1954 – citada por JUNIOR,
Antonio Mendes; MARANHÃO, Ricardo (orgs.) Brasil
– História - Texto e Consulta – Era Vargas. São Paulo: Hucitec, 1989, p.
258).
TEXTO 2
“Fui
vencido pela reação, e assim deixo o governo [...] desejei um Brasil para os
brasileiros, afrontando, nesse sonho, a corrupção, a mentira e a covardia, que
subordinam os interesses gerais aos apetites e às ambições de grupos internos e
externos. Sinto-me, porém, esmagado. Forças terríveis levantam-se contra mim e
intrigam ou infamam, até com a desculpa da colaboração. Se permanecesse, não
manteria a confiança e a tranquilidade, ora quebradas e indispensáveis ao
exercício da minha autoridade. Encerro, assim, com o pensamento voltado para a
nossa gente, para os estudantes e para os operários... a mim não falta a
coragem da renúncia.”
(QUADROS,
Jânio; ARINOS, Afonso. História do Povo
Brasileiro. São Paulo: Jânio Quadros Editora, 1967, Vol. VI, p. 237, 238.
Adaptado).
a)
Mencione duas razões comuns a estes dois acontecimentos históricos: o suicídio
de Vargas, em 1954, e a renúncia de Jânio Quadros, em 1961.
b)
Analise dois elementos que caracterizam o discurso político do populismo.
Resposta:
a) 1. Tanto Vargas quanto Jânio Quadros ocuparam a presidência em
períodos de expansão do imperialismo, sobretudo norte-americano e de radicalização
da Guerra Fria;
2. Ambos tinham contra si: a) a fragilidade das instituições
políticas, com nítida dificuldade em absorver a participação política das
massas; b) a UDN e todos os grupos apartidários que simpatizavam com os
“entreguistas” e eram amigos dos americanos; c) a quase totalidade dos Chefes
das Forças Armadas, que desconfiavam do “estado de compromisso” preconizado por
Vargas que mobilizava diversas classes e facções de classe que se destacavam no
cenário político com vistas a resolver demandas sociais – e da política externa
de Jânio que restabeleceu as relações diplomáticas e comerciais com os países
socialistas do leste da Europa, da Ásia (China), dando apoio aos
revolucionários cubanos e condecorando Ernesto Guevara; d) toda força dos trustes
e monopólios que não engoliam a Petrobras e a adoção de medidas econômicas de
controle de remessa de lucro para o exterior; e) os mais importantes jornais do
país, frações da burguesia industrial e rural, setores jurídicos e
profissionais liberais das classes média urbana e da Igreja católica que se
uniram em torno de uma pauta comum: apuração do que se cunhou como “mar de
lama”; defesa do nacionalismo contra o comunismo; o perigo da cessão às
pressões das manifestações de massa e dos movimentos populares.
b) POSSIBILIDADE 1 - Apelo à razão e a sensibilidade das massas
trabalhadoras das grandes cidades e centros industriais no sentido do apoio ao
“estado de compromisso” acenando com a garantia do emprego e consolidação de
uma legislação trabalhista ampliadora dos direitos sociais jurídicos e
políticos da cidadania.
POSSIBILIDADE 2 – A conclamação à conciliação das classes e
categorias sociais em nome do nacionalismo em contraposição ao imperialismo
cujos interesses apontam para a exploração das riquezas nacionais e para a
dependência econômica do país aos trustes e multinacionais principalmente dos
Estados Unidos.
POSSIBILIDADE 3 – O discurso é paternalista e carismático e
estabelece uma autoridade e um poder ao líder populista que o legitima a mediar
as demandas de um conglomerado de indivíduos que tem dificuldade de fazer valer
seu interesse de classe, não podem representar-se, têm que ser representados.
POSSIBILIDADE
4 – Tentativa de preservar o papel de líder de massas que através do próprio
sacrifício - o suicídio e a renúncia – teatralizariam uma exemplaridade de
ética, coragem e retidão moral.
6.
Analise
a charge, publicada originalmente em 17.05.1963, e identifique como ela
representa as dificuldades enfrentadas pelo governo João Goulart em seu projeto
de reformas sociais.
Resposta:
O
governo do presidente João Goulart lança em 1963 o chamado Plano Trienal para
combater a inflação, lançar as bases para a retomada de crescimento econômico
como na época de JK. Essa proposta de reforma seria acompanhada por reformas
estruturais mais profundas, as chamadas Reformas de Base, que incluiriam as
Reformas Agrária, Tributária, Financeira e Administrativa,
propostas
essas que foram combatidas pelos partidos políticos UDN e PSD, que
representavam os interesses da elite brasileira (proprietários de terras,
industriais, banqueiros, grandes comerciantes e parte da classe média) e de um
capitalismo liberal aberto ao capital estrangeiro que via nessa tentativa de
reforma um viés esquerdista e uma real tentativa do governo de efetuar uma
distribuição de renda.
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