O DESENVOLVIMENTO COMERCIAL
A partir do século XII
desenvolveram-se quatro pólos de comércio na Europa ocidental : Itália,
Flandres, Suécia e Alemanha atuais.Os comerciantes italianos iam até
Constantinopla, onde compravam mercadorias para revendê-las na Europa.
Entre esses centros
comerciais criaram-se vias de acesso terrestres, fluviais e marítimas, para o
transporte das mercadorias. Os mares Mediterrâneo, Báltico e do Norte ficaram
repletos de navios.
No cruzamento das principais
estradas, surgiram no século XII as feiras internacionais. Nelas, prazo de
algumas semanas, os mercadores vendiam uma grande variedade de produtos e
acertavam novos negócios. Terminada a atividade, vendedores e cambistas
deslocavam-se para o local marcado para a realização de outra feira. Tratava-se
de um comércio itinerante, mas ativo quase o ano todo.
As principais feiras desse período Histórico
localizavam-se na região de Champagne, na França.
O desenvolvimento comercial
tornou também mais complexa a estrutura financeira, fazendo surgir novos meios
de pagamento, como as letras de câmbio.
As rotas
marítimas: o Mediterrâneo - A partir do século XII, o comércio internacional, através do mar
mediterrâneo, deixou de ser monopólio dos árabes, pois, aos poucos, foi sendo
conquistado pelos burgueses das cidades italianas de Veneza, Gênova, Pisa,
Amalfi e da Sicília.
As caravanas que percorriam
os caminhos da Ásia, trazendo as mercadorias orientais até o mar Mediterrâneo,
continuaram sendo controladas por mercadores árabes.
Graças a sua posição estratégica entre o Oriente e o
Ocidente, Veneza tornou-se a primeira potência marítima do Mediterrâneo.
Através do porto de Constantinopla, os venezianos compravam porcelana e seda,
perfumes e algodão, especiarias (sal, pimenta, cravo, noz-moscada, etc.),
brocados, estofados e marfim. Em troca, os italianos vendiam tecidos (produzidos
em Florença e Milão, na Itália, em Flandres e no sul da Alemanha), madeira e
ferro (para fabricação de barcos e armas), além de escravos brancos.
Os venezianos também dominavam as passagens dos
Alpes, que os colocavam em contato com o resto da Europa, onde vendiam os produtos que adquiriam no Oriente.
Por volta de 1280, a moeda veneziana (ducado de
ouro) era padrão monetário do comércio internacional, como o dólar é
atualmente.
Gênova era a segunda força
marítima do Mediterrâneo. Seu império concorria com Veneza no Oriente e no
Ocidente.
Impulsionados pelo espírito
de lucro, os comerciantes italianos estabeleceram relações comerciais italianos
estabeleceram relações comerciais com os muçulmanos. Os desejo de obter lucros
em seus negócios estava acima de tudo. Por isso, não levavam em consideração as
ameaças de excomunhão feitas pelo papa, que condenava as atividades lucrativas
dos mercadores e banqueiros.
As rotas
marítimas: o mar do Norte e o mar Báltico : Quando os normandos ou vikings ocuparam o
norte da Europa, nos séculos VIII e IX, o comércio viking na região
intensificou-se através das vias fluviais. Em plena Alta Idade Média, cidades
como Birka , na Suécia, e Haithabu, na Dinamarca, exportavam escravos europeus
e jóias, feitas com metais preciosos, para o Oriente. Portanto, o comércio na
Europa setentrional nunca desapareceu totalmente. Isso explica por que, na
Baixa Idade Média, a rota do mar do Norte e do mar Báltico tornou-se a mais
ativa do comércio internacional, incluindo Flandres. Na cidade de Visby, no mar
Báltico, comerciantes alemães fundaram uma companhia comercial que monopolizou,
em 1160, a venda de pescado, peles e madeira à Noruega e Suécia. Em 1230,os
comerciantes de Lubeck, Hamburgo e de outras cidades do mar Báltico e do Norte
formaram uma associação para evitar a concorrência inglesa no comércio de lã e
estanho. Em função de interesses comuns, essas duas companhias aliaram-se em
1358, formando a Grande Hansa Germânica. Suas atividades comerciais
estenderam-se da Europa à Ásia e chegaram a reunir comerciantes de noventa
cidades. A Grande Hansa possuía
entrepostos em Londres, Bruges, Bergen e novgorod e comercializava cereais,
peles, cera, mel, madeiras, pescado, tecidos, lã , vinho, sal e especiarias.
AS ROTAS
TERRESTRES - A
partir do século XIII, a mais importante rota terrestre no Ocidente era a que
ligava o norte da Itália a Flandres. Essa rota estava ligada a várias outras,
completando assim a circulação de mercadorias entre os grandes pólos comerciais
da época: Constantinopla, cidades italianas e Flandres.
Esse conjunto de vias era chamado de rota da
champagne, pois era nessa região da França, a meio caminho entre a Itália e a
Provença de um lado, Flandres e Alemanha de outro, que se realizavam as
principais feiras comerciais da época.
Havia também rotas terrestres e marítimas que ligavam a Espanha e a
Inglaterra com a Champagne.
ACUMULAÇÃO DE
CAPITAL - No
sistema feudal, os empréstimos de dinheiro eram em geral feitos por judeus e
atendiam às necessidades imediatas da população : o camponês, que teve uma má
colheita , ou senhores feudais, que precisaram financiar uma guerra, por
exemplo.
Porém, com o desenvolvimento do comércio, os comerciantes
e produtores tinham necessidade de tomar emprestados grandes valores em
dinheiro para tocar seus negócios. Começaram então a surgir os bancos, com o
objetivo de emprestar dinheiro para os
empreendimentos comerciais, agrícolas e industriais. Com o dinheiro que tomavam
emprestados dos bancos, os empresários ampliavam seus negócios, obtinham mais
lucros e, assim, iam acumulando capital.
A Igreja, cuja riqueza
baseava-se na posse da terra, condenava o lucro e, principalmente, os
empréstimos a juros. No entanto, aos poucos ela foi se adaptando á nova
situação histórica e tornou-se mais tolerante com a prática da usura. Assim,
suavizou as leis contra a cobrança de juros e até passou a justificá-la. Uma
das justificativas, por exemplo, era a seguinte : se um banqueiro, em vez de
emprestar seu dinheiro, o aplicasse em algum emprestar se dinheiro, o aplicasse
em algum empreendimento, certamente teria algum lucro . Então, era justo que o
comerciante, que tomou o dinheiro emprestado do banqueiro, lhe pagasse algum
juro pela utilização que fez do capital que não lhe pertencia.